domingo, 26 de dezembro de 2010

A Mulher de Pilatos - Hymen Hymenalus (Antoinette May)

"Era uma recepção discreta - apenas alguns convidados -, nada parecida com o estilo de Agripina. Por quê? - perguntei a mim mesma, porém não por muito tempo. Pilatos estava lá. Ele era tudo o que importava. (...)



Meu olhar se encontrou com o dele. Pilatos me observava. Estremeci de prazer. Quando ele me dava aquele sorriso lento, parecia que tinha um mel derretido escorrendo pelas minhas costas. Ele cumprimentou o centurião com quem conversava e, em poucos passos, atravessou a grande sala. Acomodando-se num banco almofadado junto ao meu divã, cochichou em meu ouvido:

- Dizem que, mais cedo ou mais tarde, toda mulher fica com o rosto que merece.
Intrigada acompanhei seu olhar até um canto em que mamãe entretinha os convidados, no centro de um pequeno círculo de amigos.

- Ela ainda é muito bonita - disse Pilatos.
- E bonita por dentro também - acrescentei -, mas é preciso conhecê-la para descobrir isso.

Ele fez sinal para um escravo que passava, pegou duas taças de vinho e me entregou uma.
- Você tem a beleza dela e algo mais... um toque de mistério. Ninguém sabe exatamente no que está pensando. Você tem isso e... - inclinou-se para perto, tornando a cochichar - ...talvez uma certa malícia. Às vezes acho que gosta de criar problemas só para se divertir.
- Talvez - admiti.

Atrás dele, vi Germânico aproximar-se. Carregava uma lira embaixo do braço. Que amolação! Eu não queria que ninguém nos interrompesse.
- Dispensei os malabaristas - explicou Germânico. - O pesadão deixou cair a tocha duas vezes. E, depois, o barulho que eles fazem, toda aquela gritaria... Eu gostaria que você cantasse, Cláudia, como costumava fazer na Gália. Faz muito tempo que não ouço sua voz encantadora, tempo demais.(...)

Dedilhando alguns acordes, sussurrei uma prece a Ísis e comecei. Primeiro, uma leve paródia militar que sempre divertia Germânico. Depois, ganhando confiança, uma balada popular que parodiava a fábula de Leda e seu amado cisne. Pilatos chegou mais perto, sorrindo. Desviando meus olhos dos seus, vi as expressões de tédio cortês se transformarem em surpresa. (...)"

Now listening: No Good For Me, by The Corrs.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Post Musical Natalino

Não poderia ser diferente, meus queridos!

Feliz Natal à minha família querida, aos meus amigos, aos meus seguidores e leitores do blog, e ao meu Butterfly Enchanteur!


God Rest Ye Merry, Gentlemen
Loreena Mckennitt

God rest ye merry, gentlemen,
Let nothing you dismay
Remember Christ our Saviour
Was born on Christmas Day
To save us all from Satan's power
When we were gone astray.
O tidings of comfort and joy,
comfort and joy;
O tidings of comfort and joy!

From God our Heavenly Father
A blessed angel came
And unto certain shepherds
Brought tidings of the same
How in that Bethlehem was born
The son of God by name

"Fear not," then said the angel
"Let nothing you affright
This day is born a saviour
Of a pure virgin bright
To free all those who trust in him
From Satan's pow'r and might"

The shepherds at those tidings
Rejoiced much in mind,
And left their flocks a-feeding
In tempest, storm and wind
And went to Bethlehem straightaway
This blessed babe to find

But when to Bethlehem they came
Whereat this infant lay
They found him in a manger
Where oxen feed on hay
His mother Mary kneeling
Unto the Lord did pray

Now to the Lord sing praises
All you within this place
And with true love and brotherhood
Each other now embrace
This holy tide of Christmas
All others doth deface

Aconteceu conosco, Butterfly Enchanteur!

Não sei exatamente quando foi que comecei a reparar em você. Uma das coisas que pretendo fazer, quando tiver a minha cabeça recostada em seu peito, é perguntar quando é que exatamente você começou a reparar em mim. Há quantos anos? Dez? Eu era estagiária, você trabalhava numa empresa de transporte coletivo, e nós dois trocávamos olhares pelo retrovisor do bus, durante a minha ida ao trabalho e na volta, e quando eu ia pra faculdade. Apesar de todo meu escracho, sou terrivelmente tímida pra essas coisas; acho que você já deve ter reparado, quando olha para as minhas bochechas em vermelho rubro quando a gente se esbarra de manhã, ou na hora do almoço.

Nós nos perdemos, eu me perdi. Perdi a fé em mim, no amor, na vida. Passei a ser produto das circunstâncias, a viver ao sabor do vento, sonhos adormecidos, esquecidos, como se esquece um velho diário dentro de uma gaveta, de uma caixa no porão, no quartinho da bagunça.

E aí, a gente se encontra de novo.

Eu queria ter uma máquina fotográfica pra registrar a surpresa em nossos olhos quando nos pusemos diante um do outro, por uma coincidência, uma combinação dos dados - Roll The Bones! - uma ironia do destino, sei lá como chamar isso. O que é que você comentou com o seu colega, que colocou todo o corpo pra fora da janela quando você me mostrou a ele? O que é que vocês dois comentam quando nos encontramos, quase todos os dias, quando ele se aflige em te avisar que eu estou chegando? O que é que passa na sua cabeça quando eu sumo e volto a aparecer?

Daria metade do meu reino para ver o sorriso que a minha mãe me descreveu no dia em que nos falamos pela primeira vez, pelo telefone dela...

O que é que está escrito no papel que o teu colega tentou me entregar antes de ontem?

Quais serão as cenas dos próximos capítulos, querido meu?

A luz de perigo está acesa, piscando em neon, mas não me perdoaria se não corresse o risco...

Afinal de contas, quando eu estiver em perigo, é a você que vou chamar, sempre.

"Who do you need, who do you love, when you're come undone?"

- By Melonella -

Now listening: Come Undone, by Duran Duran

Previsões 2011 (?)

“Então é Natal, e o que você fez?”

Faltam apenas sete dias para o fim de 2010. Quem fez, fez. Para quem não fez, resta apenas o consolo de que “o ano termina, e começa outra vez”, e que vamos ter mais 365 dias para fazer tudo aquilo que prometemos para 2010 e não cumprimos. Parar de fumar, de beber, emagrecer, casar, ter filhos, tantas são as promessas, tantos são os anseios que começam a borbulhar em nossos corações, como o champanhe nas taças durante os brindes e os votos de Feliz Natal ou de Feliz Ano Novo! Esse é o moto-contínuo que a vida inventou, fôlego novo aos nossos pulmões, “Breathe of Life”, como na música do Erasure!

E as promessas do ano vindouro andam de mãos dadas com as mais diversas previsões astrológicas. Para todos os signos, sorte no amor, início do ano meio apertado financeiramente, mas estabilizado no segundo semestre e as recomendações de cuidar um pouco mais da saúde, praticar mais exercícios... Para a blogueira que vos escreve, por exemplo, nativa de gêmeos (com ascendente em leão e lua em áries!), 2011 traz “boas possibilidades de desenvolvimento em qualquer âmbito, pois as influencias planetárias me permite colher os frutos de meus esforços anteriores; ainda assim terei de analisar minuciosamente os próximos passos, pois muitas mudanças acontecerão no decorrer do ano”. No amor, promessas de um ano movimentado, cheio de atrações e paixões, com possibilidade de relacionamentos sérios, e até de um casamento (logo pra mim, hein?)! Se eu “contiver os gastos desnecessários, posso contar com um ano muito estável tanto economicamente como profissionalmente”, e “os exercícios e as atividades recreativas me manterão em equilíbrio tanto física como mentalmente”.

Sinceramente, há algo diferente do que eu, ou algum de vocês, meus nobres cinco seguidores e seis leitores, tenhamos lido nos últimos anos, ou nas últimas previsões astrológicas (para quem acredita, é claro!)? Creio que não.

Não há receita certa, não há previsão certa diante de milhões de possibilidades. Imaginem todos os geminianos do mundo vestidos de azul só porque a conjuntura de Urano e Netuno alinhados com Vênus e Plutão na casa 7 favorece o aspecto astrológico dos nascidos entre 21/05 e 20/06? Então, queridos, o que vale mesmo a pena é ter ouvidos aguçados para ouvir os sinais de perigo que a nossa intuição nos enviar e deixar o coração cuidar do resto. Viver muito, amar muito, errar muito, chorar, rir, porque, no final das contas, no final de tudo, quando estivermos prestando contas das nossas ações depois de uma vida cheia de aventuras e desventuras, as experiências positivas e o amor dos nossos entes queridos é o que realmente vai importar!

"Vamo nessa", porque no ano que vem tem mais!

Now listening: No One, by Alicia Keys. É pra você sim, “Buterfly Enchanteur”, minha constante fonte de inspiração.

- By Melonella -

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Psico ou Psiquê?!?

O que faz um Psicólogo?



Em linhas gerais, os Psicólogos desenvolvem um trabalho de investigação do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social, envolvendo os aspectos do comportamento humano, além de prestar assistência à saúde mental em hospitais, escolas, instituições privadas e públicas, etc.

Através dos atendimentos, aplicações de testes, experimentos e da escuta ativa, os Psicológicos podem formular hipóteses e coletar dados para testar a validade destas hipóteses a fim de aplicar intervenção psicológica na ajuda e solução de problemas que afligem o ser humano.

Isso é o que um Psicólogo comum faz. Não a minha eterna Psico, Dayana Ferraz (CRP - 02/14404)!

Ela é única, embora ela mesma não acredite muito nisso. Às vezes, precisa que nós a lembremos disso, o tempo todo. Sem contar que sabe ser infinitamente chata quando quer. Mas é de um coração sublime, ímpar, enorme. Por esta razão, fiz a pergunta-título do post...

Psiquê (em grego: Ψυχή, Psychē) é uma personagem da mitologia grega, personificação da alma.

Seu mito é narrado no livro O Asno de Ouro de Apuleio, que a cita como uma bela mortal por quem Eros, o deus do amor, se apaixonou. Tão bela que despertou a fúria de Afrodite, deusa da beleza e do amor, mãe de Eros - pois os homens deixavam de frequentar seus templos para adorar uma simples mortal.

A deusa mandou seu filho atingir Psiquê com suas flechas, fazendo-a se apaixonar pelo ser mais monstruoso existente. Mas, ao contrário do esperado, Eros acaba se apaixonando pela moça - acredita-se que tenha sido espetado acidentalmente por uma de suas próprias setas. E os dois se casam.



Por causa da inveja de suas irmãs, Psiquê perde seu amado esposo. Implora o perdão de Afrodite, que lhe aflige a alma com quatro tarefas praticamente impossíveis de ser cumpridas (Sogra é foda, mesmo sendo Afrodite! Taquipariu!). Ajudada pelos deuses Ceres, Perséfone e Hermes, ela consegue cumprir sua tarefa e, além de ter o perdão da cobra, ops, da sogra, e reconquistar o seu amado, ainda ganha a imortalidade (Bicha de Sorte!).

Em grego "psiquê" significa tanto "borboleta" como "alma". Uma alegoria à imortalidade da alma, como a borboleta que depois de uma vida rastejante como lagarta, flutua na brisa do dia e torna-se um belo aspecto da primavera. É considerada a alma humana purificada pelos sofrimentos e preparada para gozar a pura e verdadeira felicidade.



Minha amiga querida, minha eterna Psico, você é uma linda borboleta e está destinada ao amor. Pode ter certeza disso.

Feliz Aniversário! Amo você.

- By Melonella -

Now listening: Stars, by The Cranberries. "I love you just the way you are"...


sábado, 4 de dezembro de 2010

A Mulher de Pilatos - Lançando o Feitiço (Antoinette May)




Antioquia - no oitavo ano do reinado de Tibério (ano 22 da Era Comum)

Ao abraçar Druso, meu olhar vagou sobre seu ombro até um canto em que meus pais conversavam com um homem que nunca tinha visto antes. Ele deveria ter uns 27 anos, uns bons 10 a mais que eu. Esbelto, mas de ombros largos, tinha no porte um charme descontraído. Elegante e belo como um jovem leopardo. Estava olhando para mim nesse momento, risonho, muito confiante.

- Quem é aquele? - perguntei a Druso.
- Nem pense nisso.

Recuei, olhando surpresa para meu primo.

- Dizem que é um caça-dotes e que aprecia demais as mulheres.
- É mesmo?

Afastei-me de Druso e me aproximei lentamente do recém-chegado, prendendo a respiração e arqueando as costas. Júlia e Druscila andavam desse jeito o tempo todo, eu só estava começando a praticar.

- Pôncio Pilatos, um centurião que acabou de regressar da Pátria - meu pai apresentou.

O centurião acenou com a cabeça, sorrindo para mim.

- Vim trazer uma mensagem. Seu pai teve a gentileza de me convidar para ficar em sua festa.

Suas palavras flutuaram no ar. Perdida em seus olhos, pensei num lago azul, profundo e perigoso. Pilatos aproximou-se.

N.B.: O meu Pilatos tem olhos verdes, mas tudo bem...

- Algumas mulheres não foram feitas para ser vestais - disse.

Do que ele estava falando? Ah, não era absolutamente de mim! Olhava para o busto de Marcela, colocado num pedestal próximo. Mas então os olhos de Pilatos se deslocaram e me analisaram rapidamente da cabeça aos pés.

- Isso também não combinaria com você - completou.
- Não? - minha voz estremeceu. Respirei fundo, esperei um instante e levantei a cabeça. Era minha vez de estudá-lo.

Pilatos tinha feições proporcionais, queixo bem definido, um nariz esculpido a cinzel; os lábios eram carnudos, cobertos por rugas quase imperceptíveis. Havia nele um toque de fraqueza? Decerto que não. Um toque de cinismo, talvez. E isso não era de se esperar de um soldado?

- Não, não serviria. - repetiu com um sorriso iluminando seu rosto.

Now listening: Fascination, by Everything But The Girl.

domingo, 21 de novembro de 2010

Inspiração... ou falta de!

"s.f. Ação de inspirar ou ser inspirado.

Ação pela qual o ar penetra nos pulmões: o homem adulto, em repouso, faz 16 inspirações por minuto.

Fig. Conselho, sugestão: agir por inspiração de.

Estado da alma quando influenciada por uma potência sobrenatural: inspiração divina.

A força inspiradora; o estro: poeta de grande inspiração.

Coisa inspirada."
 
 
Agora compreendo porque não consigo escrever. Falta-me o ar aos pulmões.
 
Mais uma semana, Butterfly Enchanteur. Isso se eu não enlouquecer antes. Você bem que poderia vir me salvar, né?
 
Now listening: Enchantment, by Corine Bailey Rae.

domingo, 14 de novembro de 2010

Post Musical - 6,02x10²³ - A saga continua

O segundo post é de uma música que me remete a você. Não sei por que, exatamente, talvez o fato de você ser a cara do Simon Le Bon do Duran Duran... ou talvez pelo fato de mesmo estando em perigo, sinto-me segura ao seu lado. E isto é um paradoxo. Mais olhos verdes e mais música:



Come Undone
Duran Duran
Composição: Duran Duran


My immaculate dream, made of breath and skin.
I've been waiting for you.
Signed with a home tattoo.
Happy birthday to you, was created for you.


(Can't ever keep from falling apart at the seams.
Cannot believe, you're taking my heart to pieces.)


Oh, it'll take a little time, might take a little crime to come undone.
Now we'll try to stay blind to the hope and fear outside.
Hey child, stay wilder than the wind, and blow me in to cry.


Who do you need, who do you love, when you come undone?
Who do you need, who do you love, when you come undone?


Words, play me deja vu, like a radio tune I swear I've heard before.
Chill, is it something real, or the magic I'm feeding off your fingers?


(Can't ever keep from falling apart at the seams.
Cannot believe, you're taking my heart to)


Lost in a snow filled sky, we'll make it alright to come undone.
Now we'll try to stay blind to the hope and fear outside.
Hey child, stay wilder than the wind, and blow me in to cry.


Who do you need, who do you love, when you come undone?

Now Listening: A própria.

Post Musical - 6,02x10²³

Melonella is fallen again.

Podem me chamar de volúvel, inconstante, nem ligo. Estou vivendo meus amores, mesmo os impossíveis. O que os torna possíveis é a nossa capacidade de viver a vida sem medo de suas "efemérides".

A primeira música de hoje é esta. Em homenagem aos seus olhos verdes, "Butterfly Enchanteur":




Espelhos D'água
Dalto
Composição: Dalto e Cláudio Rabello


Os seus olhos são espelhos d'água
Brilhando você pra qualquer um
Por onde esse amor andava
Que não quis você de jeito algum
Que vontade de ter você
Que vontade de perguntar
Se ainda é cedo
Que vontade de merecer
Um cantinho do seu olhar
Mas tenho medo

Efemérides

Começo o post de hoje com uma pergunta aos meus nobres seis leitores: Algum de vocês já se viu com medo de desfrutar de algo bom com medo de que isso venha a acabar no futuro, e você sofrer? Trocando em moedas de cinquenta centavos, já se viram com apenas R$ 0,60 pra tomar uma Coquinha, e ficaram com medo de comprar, porque em três goles todo o conteúdo da garrafa vai acabar e você tem medo de ficar com sede depois? (Ok, eu sei, não foi lá muito profundo...)

Acabei de me pegar pensando nisso, e, olhando pra trás, não tive dedos para contar as oportunidades que perdi de aproveitar melhor a minha existência, justamente por medo de arriscar perder o chão aparentemente firme onde eu estava pisando. Talvez pelo fato de que, naquela época, nada na minha vida era efetivamente seguro. Eu poderia ter curtido mais os meus relacionamentos, por exemplo, e não me preocupar tanto com o sofrimento que o fim deles me trariam - e acabaram por me trazer, a despeito da minha decisão de não vivê-los plenamente!

Ah, a efemeridade da vida!... Ghandi dizia que "Toda noite, quando vou dormir, morro. E, na manhã seguinte, quando acordo, renasço." Odeio clichês, mas, por que não aproveitar cada dia das nossas vidas como se fosse o último, com todas as oportunidades que se desvendam aos nossos olhos? Por que não sair da escuridão da caverna e ir de encontro à luz?

Bem cantou o Odair José em "A Noite Mais Linda do Mundo":

"Vamos fazer dessa noite
A noite mais linda do mundo
Vamos viver nessa noite
A vida inteira num segundo
Felicidade
Não existe
O que existe na vida
São momentos felizes


A gente pode ser feliz
Viver a vida sem sofrer
É não pensar no que vai ser, Oh!
Não me pergunte se amanhã
O nosso amor vai existir
Não me pergunte
Pois não sei."


Façamos, vamos amar...


Now listening: A Piece of My Mind, by EBTG.

domingo, 7 de novembro de 2010

The Badman's Song




A primeira cena se passa num restaurante em um clube, onde a personagem de Sandra Bullock, Leigh Ann, conversa com amigas:


"Amiga 1: Problemas com a estátua?

Amiga 2: A melhor parte de Paris foi a comida. Eles usam todo tipo de molho. Eu tive que malhar no dia em que cheguei!


Leigh Ann: Vocês costumam ir ao outro lado da cidade?


Amiga 1: De que lado você está falando?


Leigh Ann: Rua Alabama, Vila Dor.


Amiga 1: Vila Dor? Parece uma ameaça.


Leigh Ann: É, por aí.


Amiga 1: Eu vou ter dor se for lá.


Amiga 3: Isso vai doer na sua reputação.


Amiga 2: Ora, eu sou de lá, mas trabalhei duro, vejam só onde estou agora. (ergue a taça, simulando um brinde)


Leigh Ann: Comendo uma salada de US$18,00?


Amiga 2: Que está insossa para ser sincera!


Amiga 3: Por que o interesse nos conjuntos populares, é outra de suas beneficências (simula aspas com a mão direita)?


Amiga 2: Conjuntos em conjunto? Já pegou! A grana vai entrar sozinha! Tudo bem, conte comigo Leigh Ann! Peguem o talão de cheques!


(As amigas caem na risada. Leigh Ann suspira, desanimada).

***
A segunda cena se passa no mesmo restaurante. As amigas comentam o cartão de natal da família Tuhoys, em que Michael também aparece:

Amiga 3: Você ficou minúscula perto dele, tipo Jéssica Lange e King Kong! Que coisa mais doida.


Amiga 1: Michael tem desconto familiar no TacoBell? Porque se tiver, Sean vai ficar no prejuízo.


Leigh Ann: Ele é um bom menino.


Amiga 3: Então torne tudo oficial e o adote!(Risos)


Leigh Ann: Ele vai fazer 18 anos em poucos meses, não faz sentido adotá-lo.


(Longo silêncio e perplexidade entre as amigas)


Amiga 1: Leigh Ann, isso é algum tipo de culpa por ser branca?


Amiga 3: O que seu pai acha?


Leigh Ann: Antes ou depois de ele se revirar no túmulo? Meu pai morreu há cinco anos, Elaine! E pra piorar, você foi ao enterro, não tá lembrando não, com um vestido Channel e um chapéu preto horrível (A amiga arregala os olhos). É o seguinte: eu não preciso que vocês aprovem minhas escolhas, ta? Mas eu vou pedir que as respeitem. Vocês não fazem idéia do que o garoto passou, e se isso vai virar algum tipo de crítica, eu posso achar uma salada que não valha o preço mais perto da minha casa.


Amiga 1: Leigh Ann não tivemos a intenção...


Amiga 3: Não, não tivemos mesmo...


Amiga 2: Eu acho incrível o que você está fazendo. Abrir a porta da sua casa pra ele... Amor, você mudou a vida do rapaz!


Leigh Ann: Não... ele mudou a minha vida.


Amiga 3: Eu sei que é ótimo pra você, mas, e a Collins?


Leigh Ann: O que tem a Collins?


Amiga 3: Você não se preocupa, nem mesmo um pouco? Ele é um rapaz grande, e negro, dormindo sob o mesmo teto...


Leigh Ann (balançando a cabeça desaprovando o comentário): Que vergonha!... – levanta-se apanhando a conta – Eu pago."

* * *

Estou há horas buscando uma maneira de introduzir este post. Estava em busca, na verdade, de algo que não fizesse vocês, meus nobres seis leitores, desistirem dele e do blog logo no início. Daí me lembrei de uma música do Tears For Fears, chamada Badman's Song, do álbum mais intimista da dupla, o Sowing The Seads of Love. Esta música foi escrita por Roland Orzabal, logo após ouvir, sem querer, uma conversa "afiada" sobre ele, que rolava no quarto ao lado do seu, entre os músicos que os acompanhavam numa turnê da banda. Há um trecho em particular, que diz: "Food for the Saints that are quick to judge me". E é sobre ele que eu quero falar, especificamente, pra chegar onde eu quero.

As pessoas, e nisto também me incluo, são rápidas em esquecer de onde vem. Logo, não sabem para onde vão. Acho isto a premissa necessária para se saber onde se quer chegar, e principalmente! Saber de onde se vem ajuda a conservar a própria essência quando a vida nos dá benesses em excesso, seja por sorte ou merecimento mesmo. E mais ainda! Ajuda a conservar a própria essência quando esta mesma vida, num golpe de vista, tira de nós as benesses, por má sorte, ou por merecimento mesmo.

"Food for the Saints that are quick to judge me..."

Talvez seja pelo meu esforço de conservar a minha essência; talvez por lembrar constantemente de onde eu vim, e saber exatamente para onde eu quero ir, imprimindo movimento à minha vida, é que eu incomode tanto! Ou que as pessoas ao meu redor se envergonhem da minha espontaneidade - quando eu mesma não estou nem aí pra isso, aliás!

Este final de semana conheci uma figuraça, que me serviu de inspiração para este post. É provável que neste momento, em que eu estou aqui, em frente ao notebook no conforto do meu quarto depois de comer bem no jantar, ele esteja juntando suas moedinhas num chapéu velho, de veludo preto, sentado numa velha cadeira de rodas que lhe ajuda a se locomover, já que não tem ambas as pernas, em frente ao Guaiamum Gigante, restaurante badalado de Recife. A situação em que nos conhecemos me lembrou duas cenas em particular do filme "Um Sonho Possível", que rendeu a Sandra Bullock o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz de 2010. No filme, Leigh Anne, o personagem dela, adota Michael Oher, um jovem negro morador de rua, vindo de um lar destruído. Com a ajuda dela, Oher aprende a superar diversos desafios à sua frente, e, em contrapartida, muda a vida de todos a sua volta.

Minha fonte de inspiração deste final de semana, se revelou, em poucos minutos de conversa, uma pessoa culta, de papo agradável, ao contrário do que muitos que o vissem podiam pensar - um bêbado desagradável e inconveniente. Se disse parecido com o Dustin Hoffmann - e observando direitinho, o ator americano se parece mesmo com ele. Sabe-se lá em que circunstâncias teve suas pernas amputadas e foi parar ali, a mendigar a bondade das pessoas.

Ah, meu amigo Dustin! Considero você um herói. Pedir não é mesmo algo fácil de se fazer. Já pedi muito, e chorei quando "não" foi a palavra que ouvi do lado de lá. Você ainda conserva a capacidade de sorrir, apesar de tudo.

Pode crer, meu amigo, que você fez muito mais por mim do que as moedinhas que saíram da minha carteira e foram parar no seu chapéu velho fizeram por você.

Now listening: The Badman's Song, by Tears For Fears. "Hope for a Badman, This is the Badman's Song"...

- By Melonella -

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Velho e O Mar



Luis Antônio Aguiar, ao escrever o prefácio da 68ª edição de O Velho e o Mar, disse que este "é o livro mais popular de Ernest Hemingway. Em 1954, quando o escritor ganhou o Nobel de Literatura, O Velho e o Mar foi explicitamente mencionado como uma justificativa para o prêmio, sendo considerado uma obra prima da prosa moderna" (sic).

O livro conta a história de Santiago, um velho pescador que há 84 dias não traz nada em seu barco. No 85º dia, ele pesca um peixe-espada de tamanho descomunal, e trava uma verdadeira luta para trazê-lo, sacrificando o suor, o corpo, o espírito. Em 126 páginas, numa linguagem apaixonante e emocionada, Hemingway traz à baila assuntos como honra e honestidade, numa narrativa "dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete"(sic).

Não pude deixar de me emocionar e me identificar com determinadas passagens do livro, que cito a vocês, meus seis leitores:

"Não tinha nenhuma consideração especial pelas tartarugas, embora tivesse andado à caça delas durante muitos anos. Davam-lhe pena, mesmo as que pesavam uma tonelada. A maior parte dos pescadores não sentia a menor compaixão pelo fato de o coração da tartaruga continuar a palpitar durante horas e horas, mesmo depois de ela morta e cortada em pedaços. Mas o velho pensava: 'Eu também tenho um coração assim e os meus pés e mãos são como os dela'."

Nota da blogueira: Chorei litros quando li este trecho.

"Deitou-se na popa com o leme seguro debaixo do braço e ficou à espera de ver no céu o resplendor da cidade. 'Mesmo assim, trago metade do peixe", pensou o velho. 'Pode ser que tenha a sorte de trazer a parte da frente. Mereço ter um pouco de sorte. Não... Você violou a sua sorte quando se afastou tanto da costa.'

- Não seja estúpido - disse em voz alta. - Não adormeça e preste atenção ao leme. Ainda pode ser que venha a ter muita sorte. Gostaria de comprar um pouco de sorte se houvesse algum lugar onde a vendessem."

N.B.: Eu também, Santiago!

" 'Mas com que poderia eu comprá-la?', perguntou em pensamento. 'Poderia comprá-la com um arpão perdido, com a faca partida ou com estas duas mãos em carne viva?'

- Talvez - respondeu em voz alta. - Você tentou comprá-la com oitenta e quatro dias no mar. Quase que lhe venderam.

'Não posso continuar a pensar nestes disparates. A sorte é uma coisa que vem de muitas formas, e quem é que pode reconhecê-la? Por mim aceitaria um bocado de sorte qual fosse a forma como viesse e pagaria o que me pedissem por ela. Gostaria de poder ver o brilho das luzes. Estou sempre desejando coisas. Mas essa é a que mais desejaria agora.' "


O livro foi meu companheiro de viagem. Recomendo demais.

Now listening: Oscilate Widly, by The Smiths.

- By Melonella -

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E por falar em walkman...

... vocês sabiam, meus queridos seis leitores, que a Sony vai parar de produzi-los no Japão?

Vocês sabiam que eles ainda eram produzidos, em tempos de mp3 e Ipod?

Pois é!

Segundo a reportagem de Época desta semana, o walkman foi lançado em 1979 e se tornou um ícone jovem dos anos 80. Mais de 220 milhões de unidades foram vendidas. A Sony continuará com uma pequena produção para alguns mercados como Europa e China, onde ainda há demanda pelos tocadores de fita cassete entre pessoas mais velhas.

Acho que fiz bem em guardar o meu, como relíquia...


Now listening: Time (Clock Of The Heart), by Culture Club.

"Don't forget the songs that made you cry, and the songs that saved your life..."

O título do post foi cantado por Stephen Morrissey quando ele ainda era vocalista e líder do The Smiths, em Rubber Ring, do álbum "Louder Than Bombs", de 1987. E dentre as músicas que me fizeram chorar, ou que salvaram a minha vida, estão, sem dúvida alguma, todas as músicas da banda Irlandesa The Cranberries, que esteve em Recife no dia 22 de outubro.

Não sei se consigo passar para vocês, meus seis leitores, a exata dimensão da emoção que senti quando eles anunciaram a vinda deles a Recife, provando que a minha cidade definitivamente entrou na rota dos grandes shows internacionais. Só este ano já passaram por aqui o A-ha, o Iron Maiden, o Simply Red, Megadeath, Black Eyed Peas (com seu insuportável Boom! Boom! Pow! Blergh!) e o Cranberries. Estão previstos ainda shows do Jason Mraz em Maracaípe e Amy Winehouse, no dia 13 de janeiro, salvo engano.

Mas voltemos ao assunto do Cran. Sou fã da banda há pelo menos uns 16 anos, quando ouvi Linger pela primeira vez, numa trilha sonora de uma novela das seis - a novela em questão era o remake de "A Viagem", de 1993. Na época eu era uma pobre estudante sem dinheiro, e me contentava em gravar fitas a partir de discos que pedia emprestado, ou raros especiais transmitidos pelas rádios locais nas noites de sábado. O primeiro CD do Cranberries ganhei de um namorado. O segundo, dos meus amigos. O terceiro, quarto e quinto álbuns, do mesmo namorado. E a isto se seguiu um hiato de pelo menos uns nove anos. A banda resolveu atender os apelos dos fãs espalhados em todo o mundo, e voltou a ativa, provando que ainda estão (e muito), em forma. Saíram em turnê no início deste ano; turnê esta que esteve ameaçada de terminar antes do previsto, devido a um nódulo nas cordas vocais de Dolores. Felizmente ela se restabeleceu, e presenteou a mim e a 14000 pessoas que lotaram o Chevrolet Hall com um show impecável. Eles ainda passaram pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Brasília, e depois daqui, seguiram para Fortaleza, onde encerraram a turnê 2010.

Meu sonho começou a tomar forma depois que mobilizei metade da cidade para comprar meu ingresso, ainda em julho. Pedi às minhas BFF, Sandra Macedo e Dayana Ferraz para me ajudarem, mas felizmente, minha amorinha conseguiu comprar, sacrificando a sua hora do almoço. E a isto, se seguiu uma agonia de três meses até o dia tão esperado! Tive como companheiro de jornada meu colega de trabalho, e fã cranberriano desesperado como eu, Paulo Sérgio. E lá fomos nós. Ficamos praticamente cheirando o chulé da bota de Dolores, de tão próximos que ficamos do palco. Duvidam? Então tá!



E como num filme, ao ouvir as músicas sendo executadas ali, uma a uma, a minha própria vida passou a se desenrolar diante dos meus olhos. Momentos alegres, em que Sandrinha, Day e Chuchu estiveram comigo, momentos nem tão alegres assim, em que eles também estiveram comigo! O que me provou que não importa o que aconteça, os verdadeiros amigos, e as pessoas que te amam de fato estarão ali, ao seu lado, aplaudindo os seus sucessos, estendendo a mão e te ajudando a levantar nas ocasiões em que você tropeçar (e olhe que não são poucas!).

E no meio do show do Cranberries foi difícil segurar a emoção. Não só pelo fato de estar ali, cara a cara com meus heróis, mas também e principalmente, pelo fato de saber que os meus três heróis, os do cotidiano, compartilhariam comigo também desta alegria. Cantei cada música como se as estivesse ouvindo no walkman, sentada no corredor da copa do CEFET, esperando o início das aulas, ao lado deles.



O Cranberries emocionou Recife com:

Analyse
How
Animal Instinct
Ordinary Day (Dolores O'Riordan cover)
Dreaming my Dreams
Linger
Ode to my Family
Still Can't
Time Is Ticking Out
Just my Imagination
Desperate Andy
When You're gone
Can't Be with You
Waltzing Back
Free to Decide
Salvation
Ridiculous Thoughts
Zombie


Bis:
Empty
You and Me
Promises
Dreams


Total de 22 músicas
Início : 22 : 30 hs
Término : 00 : 00 hs

Agora é esperar o próximo álbum, previsto para o ano que vem. E o próximo show!

É isto.

Now listening: Stars, by The Cranberries.

- By Melonella -

Our Time in Eden

"Voltei, Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço"...

Sim, trinta dias de ócio criativo se passaram! Roberta Pardo disse que "as férias são como uma caixa de surpresas, enorme e misteriosa, nelas nos esperam as experiências mais intensas e extraordinárias". Sim, senti na pele essa emoção! O mês de outubro de 2010 - este que hoje se encerra com o Halloween literalmente falando: a eleição da Dilma Roussef com 55% dos votos válidos é, realmente, um "Dia das Bruxas" - foi um mês transformador para mim em todos os sentidos. Falo disto nos próximos posts, "I promise you I will", meus digníssimos seis leitores.

Comecemos do começo, então.

Se eu tivesse que escolher um lugar para chamar de "Meu Éden", este com certeza seria Maragogi, Alagoas. "Por que, querida Mariposa?", perguntariam vocês. Explico: tenho uma relação especial com esta cidade situada logo após a divisa litorânea entre Pernambuco, meu estado natal, e Alagoas. A primeira vez em que lá estive foi há 12 anos atrás, numa situação completamente diferente da que vivi nas férias deste ano, mas que não foi constrangedora o suficiente para tirar a magia do amor à primeira vista. O mar de águas claras aliado à paz de uma cidadezinha de interior, faz de Maragogi uma cidade de muitos (eu digo muitos, MESMO) contrastes.

O acesso se dá pela PE-60 e AL-101 Norte. E querem um conselho? Pensem 6,02 x 10²³ vezes antes de ir pela Real Alagoas! Saí de Recife às 11h00min da manhã, e cheguei, azul de fome, coberta de poeira da cabeça aos pés, às 15h40min. O ônibus faz uma Via Crucis pela Estrada da Batalha em obras, pelo Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Rio Formoso, Barreiros - onde não pude deixar de me emocionar com a situação das pessoas que AINDA estão morando em barracas gentilmente cedidas pelo Governo Britânico, esquecidas pelos candidatos mesmo em períodos eleitoreiros (sim, eleitoreiros, estrategistas!), sobrevivendo graças à solidariedade do povo Pernambucano. - Sirinhaém, São José da Coroa Grande, até chegar a Maragogi, onde não há Terminal Rodoviário! Os ônibus páram às margens da AL 101 - Norte, em frente às pousadas, ou onde a necessidade do passageiro disser. E os únicos ônibus que atendem à população saem às 04h15min e 11h00min da manhã de Recife, ou de Maceió. Depois disso, apenas lotação, se você quiser chegar numa ou noutra cidade. As pousadas possuem serviços de transfer com empresas especializadas. Vai por mim, é mais seguro e confortável.

Mas...

O que dizer ao ser contemplada com imagens como esta, na chegada?



A fotografia foi tirada de uma das palhoças da Pousada onde fiquei, a Portal do Maragogi(http://www.portaldomaragogi.com.br/). É bem aconchegante, com quartos hiper confortáveis, um ótimo café da manhã, e jantar excelente! Mas em Maragogi há outras boas opções de acordo com o gosto e o bolso de cada freguês. Dá pra se hospedar bem por menos de R$ 100,00 a diária. Né legal?

Falando em opções, há várias para o seu entretenimento. As mais famosas são os passeios às Galés, as piscinas naturais que se formam há uns 20 km mar adentro, oferecidos pelas pousadas e/ou pelos vários restaurantes da orla. Não estou ganhando nada pelo Merchandising, mas, recomendo o Catamarã do Restaurante Maragolfinho, que é equipado com banheiros, inclusive. Aliás, a comida do restaurante é fantástica! Destaque para o filé de dourado grelhado, acompanhado de arroz, purê de jerimum (abóbora) gratinado e batatas fritas. Um pecado. Que cometi sem culpa.

Outra opção são os passeios de buggy pelas praias da redondeza. O meu buggeiro preferido, Samuel, me levou por várias praias, - praia da Bruna (Lombardi!), Antunes, Peroba, Burgalhau, etc. - que infelizmente não pude aproveitar direito por ter escolhido o pior horário para isso, às 15h00min. Mesmo assim, ele me levou ao Mirante, de onde tirei esta foto. Agora sei por que Maragogi é chamada de "Caribe Brasileiro". Saca só:


Como eu disse antes, Maragogi é uma cidade de contrastes. As pessoas lá vivem basicamente da Pesca, do Artesanato, do  fraco Comércio e do Turismo. Segundo Samuel, na baixa estação a cidade pára no tempo, parece uma cidade fantasma. Vi pescadores voltando da lida sem nada preso em suas redes. Vi pescadores tratando peixe em frente a um dos hotéis mais luxuosos da cidade. Vi uma cidade com ruas por asfaltar, crianças descalças, nuas, mulheres catando marisco na praia em frente aos Resorts. Vi as instalações de uma unidade do IFAL, já em funcionamento, porém, com a promessa de levar educação, emprego e renda para a região. Vi a esperança de um povo humilde, porém acolhedor, esbarrar na ambição de dois picaretas que tentavam se reeleger Governador do Estado (um deles, o Teotônio Vilela infelizmente conseguiu, embora o outro, Lessa, seja tão ruim quanto!).

Quatro dias depois, pego o caminho de volta, com a sensação de ter sido expulsa do Éden, literalmente. A saga do retorno via Real Alagoas me rendeu uma enxaqueca dos diabos no dia seguinte, como a ressaca de um vinho barato. A curta viagem porém me fez atentar para algo que pouco vinha fazendo: aprender com os erros do passado. Na volta à Maragogi no ano que vem, pretendo fazer tudo certinho, planejar melhor, garantir meu conforto e segurança na ida e na volta... isso é o que estava faltando na minha vida, até então. A reflexão, a serenidade, a maturidade, e a capacidade de rir dos meus próprios insucessos (desatei a rir sozinha quando, na volta, finalmente consegui sentar, já em Barreiros. De Maragogi até lá, fui em pé, vigiando a minha mala que tinha ficado ao lado do motorista). Não digo que o mês de outubro foi realmente transformador?

Mais?

Vamos deixar para o próximo post, né? Senão vocês enjoam.

Now listening: Eden, by 10000 Maniacs.

- By Melonella -


sábado, 18 de setembro de 2010

Post Musical

Como eu disse anteriormente, gosto de músicas que me digam algo, que tenham algum sentido. E esta que eu vou postar - de um dos melhores grupos de Rock Progressivo do mundo, os canadenses do Rush - é um exemplo claríssimo disto. Do álbum homônimo, o ótimo Roll The Bones. Enjoy it!



Roll The Bones

Well, you can stake that claim --

Good work is the key to good fortune
Winners take that praise
Losers seldom take that blame
If they don't take that game


And sometimes the winner takes nothing
We draw our own designs
But fortune has to make that frame


We go out in the world and take our chances
Fate is just the weight of circumstances
That's the way that lady luck dances
Roll the bones


Why are we here?
Because we're here
Roll the bones
Why does it happen?
Because it happens
Roll the bones


Faith is cold as ice --
Why are little ones born only to suffer
For the want of immunity
Or a bowl of rice?
Well, who would hold a price
On the heads of the innocent children
If there's some immortal power
To control the dice?


We come into the world and take our chances
Fate is just the weight of circumstances
That's the way that lady luck dances
Roll the bones


Jack -- relax.
Get busy with the facts.
No zodiacs or almanacs,
No maniacs in polyester slacks.
Just the facts.
Gonna kick some gluteus max.
It's a parallax -- you dig?
You move around
The small gets big. It's a rig.
It's action -- reaction --
Random interaction.


So who's afraid
Of a little abstraction?
Can't get no satisfaction
From the facts?
You better run, homeboy --
A fact's a fact
From Nome to Rome, boy.


What's the deal? Spin the wheel.
If the dice are hot -- take a shot.
Play your cards. Show us what you got --
What you're holding.
If the cards are cold,
Don't go folding.

Lady Luck is golden;
She favors the bold. That's cold.
Stop throwing stones --
The night has a thousand saxophones.
So get out there and rock,
And roll the bones.
Get busy!