"Voltei, Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço"...
Sim, trinta dias de ócio criativo se passaram! Roberta Pardo disse que "as férias são como uma caixa de surpresas, enorme e misteriosa, nelas nos esperam as experiências mais intensas e extraordinárias". Sim, senti na pele essa emoção! O mês de outubro de 2010 - este que hoje se encerra com o Halloween literalmente falando: a eleição da Dilma Roussef com 55% dos votos válidos é, realmente, um "Dia das Bruxas" - foi um mês transformador para mim em todos os sentidos. Falo disto nos próximos posts, "I promise you I will", meus digníssimos seis leitores.
Comecemos do começo, então.
Se eu tivesse que escolher um lugar para chamar de "Meu Éden", este com certeza seria Maragogi, Alagoas. "Por que, querida Mariposa?", perguntariam vocês. Explico: tenho uma relação especial com esta cidade situada logo após a divisa litorânea entre Pernambuco, meu estado natal, e Alagoas. A primeira vez em que lá estive foi há 12 anos atrás, numa situação completamente diferente da que vivi nas férias deste ano, mas que não foi constrangedora o suficiente para tirar a magia do amor à primeira vista. O mar de águas claras aliado à paz de uma cidadezinha de interior, faz de Maragogi uma cidade de muitos (eu digo muitos, MESMO) contrastes.
O acesso se dá pela PE-60 e AL-101 Norte. E querem um conselho? Pensem 6,02 x 10²³ vezes antes de ir pela Real Alagoas! Saí de Recife às 11h00min da manhã, e cheguei, azul de fome, coberta de poeira da cabeça aos pés, às 15h40min. O ônibus faz uma Via Crucis pela Estrada da Batalha em obras, pelo Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Rio Formoso, Barreiros - onde não pude deixar de me emocionar com a situação das pessoas que AINDA estão morando em barracas gentilmente cedidas pelo Governo Britânico, esquecidas pelos candidatos mesmo em períodos eleitoreiros (sim, eleitoreiros, estrategistas!), sobrevivendo graças à solidariedade do povo Pernambucano. - Sirinhaém, São José da Coroa Grande, até chegar a Maragogi, onde não há Terminal Rodoviário! Os ônibus páram às margens da AL 101 - Norte, em frente às pousadas, ou onde a necessidade do passageiro disser. E os únicos ônibus que atendem à população saem às 04h15min e 11h00min da manhã de Recife, ou de Maceió. Depois disso, apenas lotação, se você quiser chegar numa ou noutra cidade. As pousadas possuem serviços de transfer com empresas especializadas. Vai por mim, é mais seguro e confortável.
Mas...
O que dizer ao ser contemplada com imagens como esta, na chegada?
A fotografia foi tirada de uma das palhoças da Pousada onde fiquei, a Portal do Maragogi(http://www.portaldomaragogi.com.br/). É bem aconchegante, com quartos hiper confortáveis, um ótimo café da manhã, e jantar excelente! Mas em Maragogi há outras boas opções de acordo com o gosto e o bolso de cada freguês. Dá pra se hospedar bem por menos de R$ 100,00 a diária. Né legal?
Falando em opções, há várias para o seu entretenimento. As mais famosas são os passeios às Galés, as piscinas naturais que se formam há uns 20 km mar adentro, oferecidos pelas pousadas e/ou pelos vários restaurantes da orla. Não estou ganhando nada pelo Merchandising, mas, recomendo o Catamarã do Restaurante Maragolfinho, que é equipado com banheiros, inclusive. Aliás, a comida do restaurante é fantástica! Destaque para o filé de dourado grelhado, acompanhado de arroz, purê de jerimum (abóbora) gratinado e batatas fritas. Um pecado. Que cometi sem culpa.
Outra opção são os passeios de buggy pelas praias da redondeza. O meu buggeiro preferido, Samuel, me levou por várias praias, - praia da Bruna (Lombardi!), Antunes, Peroba, Burgalhau, etc. - que infelizmente não pude aproveitar direito por ter escolhido o pior horário para isso, às 15h00min. Mesmo assim, ele me levou ao Mirante, de onde tirei esta foto. Agora sei por que Maragogi é chamada de "Caribe Brasileiro". Saca só:
Como eu disse antes, Maragogi é uma cidade de contrastes. As pessoas lá vivem basicamente da Pesca, do Artesanato, do fraco Comércio e do Turismo. Segundo Samuel, na baixa estação a cidade pára no tempo, parece uma cidade fantasma. Vi pescadores voltando da lida sem nada preso em suas redes. Vi pescadores tratando peixe em frente a um dos hotéis mais luxuosos da cidade. Vi uma cidade com ruas por asfaltar, crianças descalças, nuas, mulheres catando marisco na praia em frente aos Resorts. Vi as instalações de uma unidade do IFAL, já em funcionamento, porém, com a promessa de levar educação, emprego e renda para a região. Vi a esperança de um povo humilde, porém acolhedor, esbarrar na ambição de dois picaretas que tentavam se reeleger Governador do Estado (um deles, o Teotônio Vilela infelizmente conseguiu, embora o outro, Lessa, seja tão ruim quanto!).
Quatro dias depois, pego o caminho de volta, com a sensação de ter sido expulsa do Éden, literalmente. A saga do retorno via Real Alagoas me rendeu uma enxaqueca dos diabos no dia seguinte, como a ressaca de um vinho barato. A curta viagem porém me fez atentar para algo que pouco vinha fazendo: aprender com os erros do passado. Na volta à Maragogi no ano que vem, pretendo fazer tudo certinho, planejar melhor, garantir meu conforto e segurança na ida e na volta... isso é o que estava faltando na minha vida, até então. A reflexão, a serenidade, a maturidade, e a capacidade de rir dos meus próprios insucessos (desatei a rir sozinha quando, na volta, finalmente consegui sentar, já em Barreiros. De Maragogi até lá, fui em pé, vigiando a minha mala que tinha ficado ao lado do motorista). Não digo que o mês de outubro foi realmente transformador?
Mais?
Vamos deixar para o próximo post, né? Senão vocês enjoam.
Now listening: Eden, by 10000 Maniacs.
- By Melonella -
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