sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Aconteceu conosco, Butterfly Enchanteur!

Não sei exatamente quando foi que comecei a reparar em você. Uma das coisas que pretendo fazer, quando tiver a minha cabeça recostada em seu peito, é perguntar quando é que exatamente você começou a reparar em mim. Há quantos anos? Dez? Eu era estagiária, você trabalhava numa empresa de transporte coletivo, e nós dois trocávamos olhares pelo retrovisor do bus, durante a minha ida ao trabalho e na volta, e quando eu ia pra faculdade. Apesar de todo meu escracho, sou terrivelmente tímida pra essas coisas; acho que você já deve ter reparado, quando olha para as minhas bochechas em vermelho rubro quando a gente se esbarra de manhã, ou na hora do almoço.

Nós nos perdemos, eu me perdi. Perdi a fé em mim, no amor, na vida. Passei a ser produto das circunstâncias, a viver ao sabor do vento, sonhos adormecidos, esquecidos, como se esquece um velho diário dentro de uma gaveta, de uma caixa no porão, no quartinho da bagunça.

E aí, a gente se encontra de novo.

Eu queria ter uma máquina fotográfica pra registrar a surpresa em nossos olhos quando nos pusemos diante um do outro, por uma coincidência, uma combinação dos dados - Roll The Bones! - uma ironia do destino, sei lá como chamar isso. O que é que você comentou com o seu colega, que colocou todo o corpo pra fora da janela quando você me mostrou a ele? O que é que vocês dois comentam quando nos encontramos, quase todos os dias, quando ele se aflige em te avisar que eu estou chegando? O que é que passa na sua cabeça quando eu sumo e volto a aparecer?

Daria metade do meu reino para ver o sorriso que a minha mãe me descreveu no dia em que nos falamos pela primeira vez, pelo telefone dela...

O que é que está escrito no papel que o teu colega tentou me entregar antes de ontem?

Quais serão as cenas dos próximos capítulos, querido meu?

A luz de perigo está acesa, piscando em neon, mas não me perdoaria se não corresse o risco...

Afinal de contas, quando eu estiver em perigo, é a você que vou chamar, sempre.

"Who do you need, who do you love, when you're come undone?"

- By Melonella -

Now listening: Come Undone, by Duran Duran

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