domingo, 16 de setembro de 2012

Pé na bunda

Quem nunca levou um?!? Ah, eu vários!... Estou curada de um levado no ano passado, aliás... "I get along without you very well", já diria o Hoagy Carmichael, lá pelos idos de 1939, início da Segunda Guerra Mundial...

O pé na bunda, aliás, desperta na gente o que há de mais primitivo, parafraseando o Roberto Jefferson ao se referir ao José Dirceu. Acumula-se uma represa de sentimentos, que, mais cedo ou mais tarde, se rompe e transforma a nossa vida num verdadeiro rio de lágrimas. Um dos mais, senão o mais recorrente, é o desejo de vingança, de ver o outro lado se estrepar e vir correndo chorar as pitangas no seu ombro caído, mas cheio de orgulho, para que você possa ter o prazer de colocar o dedo nas feridas, e mais ainda, ditar, daquele ponto em diante, as regras e o rumo do relacionamento...

Meu Divo, o Evandro Santo (http://www.evandrosanto.com.br), costuma dizer que "Uma das maiores loucuras de amor é acreditar que ele é para sempre". E, quando ele se acaba, "iniciam-se outras coisas: terapia, macumba, vingança, chantagem, processo"... E ele diz mais! Que "... relacionamentos acabam, amores acabam, tudo acaba e é um direito de cada um acabar o que quiser."



"Mas claro que você pode sentir ódio.
Claro que você pode chorar por dentro, por fora, você pode disfarçar, você pode neutralizar com remédios, bebidas, sexo, mas seu coração sabe o que acontece.
A ciência, a tecnologia e a religião sempre inventam meios de diminuir as dores do amor. Até conseguem.
Mas sobra a memória, as lembranças, que ficam ilustrando os seus dias, até que elas vão se apagando e você seja capaz de dizer novamente:
Eu me apaixonei de novo!!!"
Isso nem sempre acontece. Mas, enquanto há vida, e a carta do Mundo na casa das Transformações, a gente vai tentando, experimentando...
Falando em lembranças, é claro que todo pacote pé-na-bunda vem com lágrimas, chocolates e música, que é o objetivo principal deste post. Primeiro, deixa eu explicar por que: participo, no Facebook, do "Desafio Musical dos 250 dias" e o de hoje, exatamente o de número 229, pede um exemplo de música para dar pé na bunda. Pensei em tantas opções, mas acabei postando seis. E são elas que compartilho com vocês a partir de agora, em ordem inversa de preferência:

6º lugar - It's too late, by Carole King
É a primeira música do álbum "Tapestry", de 1971 e a letra foi escrita por Toni Stern. Diz mais ou menos assim, em seu refrão:
"And it's too late, baby,
(E é muito tarde, baby,)
Now it's too late,
(Agora é tarde demais.)
Though we really did try to make it.
(Embora nós tenhamos realmente tentado)
Somethin' inside has died
(Algo dentro de mim morreu)
And I can't hide and I just can't fake it 
(E eu não posso esconder nem fingir...)"

Resumindo: os dois estavam tentando levar um relacionamento já desgastado quando ela finalmente decide dar um ponto final à história. Música gostosa, daquelas pra ouvir no "Tribuna Internacional", na hora do almoço, aqui em Recife.



5º lugar - Do You Remember, by Phil Collins

Do álbum "... But Seriously", de 1990. Escrita pelo próprio Phil Collins. A música toda é linda, mas eu gosto, particularmente, deste trecho:

"There seemed no way to make up,
(Parecia que não tinha mais jeito de fazer as pazes)
'Cause it seemed your mind was set
(Porque você já tinha tomado a sua decisão)
And the way you looked it told me,
(E o modo como você me olhou me disse)
It's a look I know I'll never forget
(É um olhar que eu sei que jamais esquecerei)
You could've come over to my side,
(Você poderia ter ficado do meu lado)
You could've let me know
(Poderia ter me deixado saber)
You could've tried to see the distance between us
(E tentado ver a distância entre nós)
But it seemed to far for you to go
(Mas pra você era distante demais pra percorrer)
Do you remember?
(Você se lembra?)"

Resumo da ópera: A música é fala do término de um relacionamento da perspectiva do cara, diante da negligência da sua companheira.


4º lugar - It's over, by Level 42

Essa é de 1987, do álbum "Running The Family". Esta, ao contrário das outras, é um pedido de perdão de um cara que está indo embora por não amar mais a mulher. Não houve briga, traição, nem nada, muito pelo contrário, ele é muito grato a ela por tudo o que lhe proporcionou, mas simplesmente não pode continuar fingindo algo que não sente. Belíssima canção, belíssima melodia.

"You gave me everything
(você me deu tudo)
and now I'm breaking your heart
(E agora eu estou partindo seu coração)
you know that I don't mean
(Você sabe que eu não quero)
to tear your world apar
(Destruir o seu mundo)"




3º lugar - Separate Lives, by Phil Collins.

De 1985, esta música, gravada por Phil Collins and Marilyn Martin, faz parte da trilha sonora do filme "O Sol da Meia-Noite", estrelado pelo bailarino russo Mikhail Baryshnikov. Depois de dar um pé-na-bunda, a mocinha se arrepende e vai atrás do cara. Só que ele tem o seu orgulho, e diz que não é bem assim que a banda toca. Confira no trecho abaixo:

"You have no right to ask me how I feel
(Você não tem o direito de me perguntar como me sinto)
You have no right to speak to me so kind
(Você não tem o direito de falar comigo com tanta gentileza)
We can't go on, holding on to ties
(Não podemos continuar tão apegados)
So for now we'll going on living separate lives
(Por isso agora seguiremos nossas vidas separadas)"



2º lugar - Why, by Annie Lennox

Música linda dessa escocesa, gravada em 1992, foi trilha sonora de uma novela das seis, "Despedida de Solteiro", em que a mulher, já cheia do mala sem alça que tem em casa, despeja tudo na lata. Só a tradução da última estrofe pra vocês sentirem o drama:


"Este é o livro que nunca li

Estas são as palavras que nunca falei
Esta é a trilha que nunca seguirei
Estes são os sonhos que passarei a sonhar
Esta é a alegria que é raramente compartilhada
Estas são as lágrimasas lágrimas que derramamos
Este é o medoEste é o pavorIsto é o que há na minha cabeça
Estes são os anos que passamos junto
sE isto é o que eles representamE isso é o que eu sinto
Você sabe como me sinto?
Porque eu acho que você não sabe
Eu não acho que você sabe como eu me sinto
Eu não acho que você sabe como eu me sinto
Você não sabe como me sinto..."


Um desabafo e tanto.

1º lugar - Don't ask me why, by Eurythmics

De 1989, escrita pela Annie e pelo seu parceiro de Eurythmics, David Stewart. Esta é perfeita, e resume bem aquilo que eu disse nos parágrafos iniciais, sobre o sentimento de vingança, de desforra. Vilipendiada por um parceiro negligente, mulher sente que o relacionamento está desgastado, e que ela não o ama mais. Joga na cara dele toda a sua indignação, a sua revolta por ter sido ela a única que queria que desse certo.

"Por quê?
Você diz - por quê?
Você diz - por quê?
Não me pergunte porquê
Eu não te amo mais
Eu não acho que amei
E se você teve algum tipo de amor por mim
Você manteve tudo bem escondido..."



Acho que é isso.

Se vocês quiserem contribuir com o post, fiquem a vontade, postando as músicas de pé-na-bunda que vocês mais gostam.

- By Melonella -