domingo, 24 de janeiro de 2010

The Cranberries are Back!




Estava lendo a Revista Época desta semana, e tive a grata surpresa de ver uma reportagem de página inteira sobre a volta da banda irlandesa cujas músicas fazem parte, sem dúvida, da trilha sonora da minha vida. Dolores, Noel, Mike e Fergal passarão inclusive em Terras Tupiniquins, mas, como sempre, visitarão os estados do eixo sul / sudeste. O Nordeste, infelizmente, ainda não faz parte do roteiro de grandes bandas do cenário rock / pop internacional, embora algumas iniciativas de vulto já venham sendo articuladas, como o show do Iron Maiden no ano passado, o show da cantora Beyoncé em Salvador, em breve... enfim.

Claro que coloquei todos os álbuns da banda no meu MP4, para me deliciar durante a semana, e me consolar da frustração de não poder vê-los ao vivo, pelo menos não desta vez. Na turnê, Dolores e Cia. vão tocar, além de músicas dos álbuns solo da vocalista, sucessos antigos como Linger, Zoombie, Salvation, dentre outras. Um presente e tanto para os fãs.

Mesmo assim, muito feliz. Nesta foto que estou postando, dá pra ver os primeiros cabelos brancos enfeitando as cabeças pensantes dessa banda que embalou os corações apaixonados de fãs do mundo inteiro, como eu. Já não são os mesmos jovens de 18 anos atrás. Mas a emoção que sinto ao ouvir as suas músicas é a mesma, e será, sempre.

Now listening: Everything I Said, by The Cranberries, from "No Need to Argue", o segundo álbum da banda. Ainda muito emocionada.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

domingo, 17 de janeiro de 2010

Aconteceu comigo II




Sexta-feira, 19h30min. Em Garanhuns, a trabalho, depois de um dia em que andei mais do que a má notícia (só pra dar uma dimensão do quanto a má notícia andou, foram apenas 275 km). Estava com uma preguiça danada de andar até a padaria onde eu geralmente janto quando estou por lá, e resolvi me abancar numa lanchonete especializada em sucos turbinados. Decidi pedir um suco de graviola e um sanduíche de queijo - venhamos e convenhamos, se eu tomasse qualquer um daqueles sucos cheios de xarope de guaraná, amendoim e toda a sorte de "pra-que-issos", meu sono iria parar no Amapá - e fiquei prestando (ou fingindo que prestava) atenção ao noticiário local.

Sentou-se um cara na mesa ao lado. Pediu um milk-shake de creme e uma coxinha de frango com catupiri. Quando o pedido dele finalmente chegou, ele pediu o "complemento": um copão de suco de acerola e dois(!) sanduíches de queijo. Pensei comigo: "É um animal". E não é que o animal falava?

- Terrível, né, moça?

- Hein?!?

Ele se referia ao terremoto no Haiti. Eu achei que poderia finalmente engatar uma conversa inteligente com alguém, mas, segundos depois vi que havia me enganado piamente. Falei sobre o que tinha lido nos jornais e revistas nos últimos dias, até ele jogar a rede. "Você é muito inteligente. É formada em que?". E a esta, seguiu-se uma série de perguntas. Parecia uma entrevista para uma vaga de emprego na Vale. Onde trabalho, se eu era a chefe (logo eu, hein?), onde é que eu estava hospedada, com quem eu moro, se eu namoro, se eu sou casada, se tenho filhos, planos para o futuro, como é que eu me vejo daqui a quinze anos, e etc. etc. etc. Nem dava tempo de responder a primeira pergunta, e ele já engatava umas vinte a mais. E aí veio a célebre, a cartada final. "Touché", em bom francês:

- Posso te dar meu telefone?

Felizmente, eu estava sem meu telefone celular por perto. Dei meu número antigo da Oi, cujo chip eu perdi, e ele escreveu os números dele num guardanapo de papel. Podre. Pra um publicitário que não tem nem um cartão de visitas, ele tá ruim, viu? Despedimo-nos com um polido aperto de mão. Ah, o guardanapo? Adivinha onde é que ele foi parar?

Now listening: Mirror, by Simply Red. "Look in the mirror, baby..."

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Lichia!

Amo lichia. Comi pela primeira vez no final de 2008, e desde então, fico louca que chegue logo a safra, pra eu poder comer de montão.



Já pensou eu com um pomar cheio de lichieiras, carregadinhas como essa aí?!? UIA!!!!

Mas o que danado é lichia, alguém pode então me perguntar...

A lichia é uma fruta pouco conhecida pelos brasileiros. O cultivo no Brasil iniciou-se há pouco tempo, sendo antes encontrada apenas como um produto importado da China, Tailândia, Índia e Estados Unidos. Ela possui uma casca grossa e avermelhada e um sabor adocicado. O seu conteúdo nutricional é excelente, possui poucas calorias, muita água e é rica em antioxidantes.Um recente estudo demonstrou que a lichia é capaz de reduzir a gordura abdominal.

Qual é gosto que tem?

Tem gosto de beijo.

É. Aquele beijo gostoso, molhado, adocicado, suculento, desses em que as línguas vão se entrelaçando, se descobrindo, se provando...

Já que não tenho boca pra beijar, essa já é a segunda caixa que vai embora enquanto posto essas bobagens...

Now listening: Clean heart, by Sade Adu.


P.S.: Acredito que ninguém vai me taxar de hedonista só por conta da comparação que fiz da lichia com o beijo...

"Atrasos são providenciais"





As runas são artefatos confeccionados em argila, pedra, cristal, vidro ou madeira, onde são gravados os glifos, o alfabeto vikking. São muito usadas como oráculo, desde a antiguidade.

Uma das pedras, Isa, traz a seguinte mensagem: "Atrasos são providenciais".

Felizmente os atrasos têm sido providenciais. Exemplos?

1. Quinta-feira, 31.12.2009. Marquei com a minha mãe no Shopping Tacaruna, para comprarmos os salgadinhos que seriam degustados na nossa confraternização de Reveillón. Ela, como sempre, demora mais de uma década para sair de casa, e isso me deixa profundamente irritada, pois odeio esperar. Enquanto esperava, sentada num dos banquinhos em frente ao Hiper Bompreço, tive a felicidade de reencontrar Davi, um grande amigo, funcionário da Compesa, da GNM Oeste, gerência que estava sob a minha responsabilidade antes da dança das cadeiras, e nos demos aquele abraço e muitos "kisses and hellos". Logo em seguida, encontro Gisela e Clayton, um casal amigo meu que há milênios não via. Foi gostoso reabraçá-los, desejar votos de Feliz Ano-Novo. Concluí com um sorriso que não teria sido tão legal se a minha mãe tivesse mesmo chegado na hora.

2. Sábado, 02.01.2010. Lá vou eu ao cabeleireiro (praxe). Mas antes, minha mãe me pediu para eu passar no Shopping Tacaruna e depositar os cupons do sorteio da Eletroshopping. No caminho, encontro Gil, amigo de longa data, fez teatro comigo na época do CEFET, participando comigo em duas montagens: O Processo do Diabo, de Ariano Suassuna, e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Não via Gil há exatos 10 anos! Conversamos, matamos a saudade, e marcamos aquele sushi antes de ele ir para Natal. No Shopping, encontro Abner, que foi estagiário do RH na época em que eu trabalhava na Gerdau. Foi maravilhoso saber que ambos estão bem, felizes, realizados, e de brinde, ainda ganhei milhões de beijos e abraços.

3. Terça, 05.01.2010. Após um encontro com a minha melhor amiga, Sandrinha, em que comemos pizza, rimos e falamos da vida alheia, perdi o Paulista / Cde. da Boa Vista, que passava vazio e incólume por mim. Que remédio a não ser esperar? Enquanto esperava, uma senhora chorava pedindo dinheiro para completar sua passagem de volta para o Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho. Não gosto de expor esse tipo de coisa, mas, algo me tocou e resolvi ajudá-la, afinal de contas, o que se compra com R$ 6,00 hoje em dia? Acho que naquele momento fui instrumento da vontade de Deus em ajudar aquela pobre, que precisava voltar pra tão longe. Milhões de "muito obrigado, Deus lhe abençoe", depois, o famigerado veio, tão vazio quanto aquele que eu tinha perdido. Apanhei o ônibus, com os olhos cheios de lágrimas, e o coração partido.

Espero continuar tendo a maturidade suficiente para saber e entender que os atrasos às vezes são mesmo, providenciais.

Now listening: Find the River, by R.E.M.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Os lilases de Hossegor - Parte III




"A casa de Juliette Desrochelles está localizada debaixo de árvores, sobre uma colina, bem pertinho dali, de pedra cinza, com telhado de telhas chatas, com um jardinzinho pequeno e um quintal maior. Tem muitas flores.

Quando Mathilde está na casa, sentada em seu carrinho, depois que terminam as súplicas, as lágrimas e as besteiras, ela pede a Juliette Desrochelles, sua futura sogra, que a empurre até o quintal, onde Manech está pintando, e que a deixe sozinha com ele por um instante. Ele foi avisado da visita. Disseram-lhe que uma moça que ele amou muito vem vê-lo. Ele pergunta seu nome, que acha bonito.

Quando Juliette Desrochelles e Sylvain se retiram, Mathilde está a vinte passos dele. O cabelo dele está negro, todo cacheado.Parece-lhe mais alto do que ela se lembrava. Ele se encontra diante de uma tela, sob um alpendre. Ela fez bem de não pintar os cílios.

Tenta aproximar-se dele, mas o caminho é de cascalho, difícil. Então ele vira a cabeça para ela e a vê. Deixa o pincel e se aproxima, e quando mais ele se aproxima, quando mais ele se aproxima, mais ela pensa que bom que não estou com os cílios pintados, ela não quer chorar mas é mais forte que ela, uma hora ela só o vê aproximar-se através das lágrimas. Enxuga-as depressa. Olha para ele. Está parado a dois passos. Ela poderia estender a mão, ele se aproximaria ainda mais, ela o tocaria. Ele está igual, mais magro, mais lindo que todos, com olhos como Germain Pire descreveu, de um azul muito pálido, quase cinza, tranquilos e doces, com algo no fundo que se debate, uma criança, uma alma massacrada.

Tem a mesma voz de antes. A primeira frase que ela ouve dele, é terrível, ele pergunta: 'Você pode caminhar?'

Ela mexe com a cabeça para dizer que não.

Ele suspira, volta à sua pintura. Ela empurra as rodas, aproxima-se do alpendre. Ele torna a voltar os olhos para ela, sorri. Diz: 'Quer ver o que estou fazendo?'

Ela mexe com a cabeça para dizer que sim.

Ele diz: 'Vou te mostrar daqui a pouco. Mas não já, ainda não está pronto.'

Então, enquanto isso, ela se encosta bem ereta em seu carrinho, cruza as mãos sobre os joelhos, fica olhando para ele.

Sim, olha, olha, a vida é longa e ainda pode carregar muito mais nas costas.

Fica olhando para ele."

Fim.


Now listening: No Good For Me, by The Corrs.