quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Atrasos são providenciais"





As runas são artefatos confeccionados em argila, pedra, cristal, vidro ou madeira, onde são gravados os glifos, o alfabeto vikking. São muito usadas como oráculo, desde a antiguidade.

Uma das pedras, Isa, traz a seguinte mensagem: "Atrasos são providenciais".

Felizmente os atrasos têm sido providenciais. Exemplos?

1. Quinta-feira, 31.12.2009. Marquei com a minha mãe no Shopping Tacaruna, para comprarmos os salgadinhos que seriam degustados na nossa confraternização de Reveillón. Ela, como sempre, demora mais de uma década para sair de casa, e isso me deixa profundamente irritada, pois odeio esperar. Enquanto esperava, sentada num dos banquinhos em frente ao Hiper Bompreço, tive a felicidade de reencontrar Davi, um grande amigo, funcionário da Compesa, da GNM Oeste, gerência que estava sob a minha responsabilidade antes da dança das cadeiras, e nos demos aquele abraço e muitos "kisses and hellos". Logo em seguida, encontro Gisela e Clayton, um casal amigo meu que há milênios não via. Foi gostoso reabraçá-los, desejar votos de Feliz Ano-Novo. Concluí com um sorriso que não teria sido tão legal se a minha mãe tivesse mesmo chegado na hora.

2. Sábado, 02.01.2010. Lá vou eu ao cabeleireiro (praxe). Mas antes, minha mãe me pediu para eu passar no Shopping Tacaruna e depositar os cupons do sorteio da Eletroshopping. No caminho, encontro Gil, amigo de longa data, fez teatro comigo na época do CEFET, participando comigo em duas montagens: O Processo do Diabo, de Ariano Suassuna, e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Não via Gil há exatos 10 anos! Conversamos, matamos a saudade, e marcamos aquele sushi antes de ele ir para Natal. No Shopping, encontro Abner, que foi estagiário do RH na época em que eu trabalhava na Gerdau. Foi maravilhoso saber que ambos estão bem, felizes, realizados, e de brinde, ainda ganhei milhões de beijos e abraços.

3. Terça, 05.01.2010. Após um encontro com a minha melhor amiga, Sandrinha, em que comemos pizza, rimos e falamos da vida alheia, perdi o Paulista / Cde. da Boa Vista, que passava vazio e incólume por mim. Que remédio a não ser esperar? Enquanto esperava, uma senhora chorava pedindo dinheiro para completar sua passagem de volta para o Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho. Não gosto de expor esse tipo de coisa, mas, algo me tocou e resolvi ajudá-la, afinal de contas, o que se compra com R$ 6,00 hoje em dia? Acho que naquele momento fui instrumento da vontade de Deus em ajudar aquela pobre, que precisava voltar pra tão longe. Milhões de "muito obrigado, Deus lhe abençoe", depois, o famigerado veio, tão vazio quanto aquele que eu tinha perdido. Apanhei o ônibus, com os olhos cheios de lágrimas, e o coração partido.

Espero continuar tendo a maturidade suficiente para saber e entender que os atrasos às vezes são mesmo, providenciais.

Now listening: Find the River, by R.E.M.

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