Mas também, não faria sentido postar algo aqui apenas para fazer volume. Não é bem do meio feitio; tenho certeza de que vocês, meus três leitores, concordam comigo em gênero, número e grau.
"Boemia, aqui me tens de regresso"... Bem, o que dizer, então, depois de tanto tempo sem postar? Que depois de passar um mês de férias me dedicando à conclusão da monografia, fui coroada com um 9,0, um prêmio de consolação, e a graduação em Engenharia Ambiental? Louvável, vocês poderiam e sei que irão dizer. Mas todo o processo deixou um gostinho meio amargo, ainda travando na garganta, como quando a gente toma suco de caju. Falar sobre isso, porém, empobreceria o debate. Enfim.
E aí, é Natal. "E o que você fez?", pergunta aquela música da Simone, uma versão chaaaaaata daquela música do John Lennon!!! Quem disser que aquela música é legal, passe pelo menos uma manhã no meio da Rua da Imperatriz no Centro do Recife, ouvindo todas as lojas tocarem esta porra simultaneamente, e depois me conte.
Recife, aliás, como em qualquer outra capital do meu Brasil Brasileiro, fervilha nessa época. Não dá pra andar meio metro sem esbarrar num camelô vendendo toda a sorte de
Recife, como em qualquer outra capital do meu Brasil Brasileiro, também tem muita desigualdade nessa época. Não sei se acontece com todo mundo, ou se a rotina banalizou as cenas, e cegou a maioria das pessoas, mas não consigo não me entristecer ao ver um andarilho, maltrapilho, sujo, caminhando pelas ruas movimentadas, catando lixo, ou dormindo numa calçada. Hoje, hoje mesmo. Estava voltando pra casa, após o trampo, e ao passar pela Ponte não-sei-qual (pra quem não sabe, Recife tem várias pontes. Pergunta o nome a qualquer recifense, eu duvido que ele saiba. Só vai dizer o nome da Ponte Duarte Coelho, e o pior! Nem sabe qual das quais é a Ponte Duarte Coelho!), aquela próxima ao Teatro de Santa Isabel, e lá tinha uma família instalada, sobre uns papelões: pai, mãe e dois filhos pequenos. Num dos cartões postais mais bonitos da minha cidade, a realidade sem retoques de um país tão desigual. "De um lado esse carnaval, de outro a fome total", já dizia o Gilberto Gil. Pergunto-me se alguém dentro do ônibus sentiu o mesmo incômodo, a mesma indignação que eu. Duvidando, again.
Há 2009 anos atrás, um pequeno nascia e dormia numa manjedoura. Se ele estivesse nascendo no dia 25 de dezembro de 2009, dormiria num papelão sobre a ponte, sobre a calçada, sob as marquises... "C'est la vie".
Feliz Natal a todos.
By Melonella.
Now listening: To drive the cold winter away, by Loreena Mckennitt.
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