domingo, 27 de dezembro de 2009
Aconteceu comigo...
A história é verídica. Dessas que a gente comenta dentro do banheiro, quando está retocando a maquiagem, ou dentro do táxi, na volta pra casa, contabilizando as aventuras e desventuras de um Saturday Night.
Estava eu, numa boate do Recife, bebericando um Malibu num copo cheio de gelo, curtindo o som, e olhando o movimento, "confortavelmente" acomodada num dos banquinhos do bar. Encosta um cara:
" - Você tem cara de intelectual..."
Não entendi, sinceramente, se aquilo era realmente uma abordagem. Será que ele pensava que eu estava ali conjecturando sobre a teoria da relatividade, no meio de uma boate, apenas pelo fato de eu estar ostentando meu inseparável par de óculos, indispensável para o alto dos meus 5,5 graus de miopia? Eu sorri, e fiz uma breve avaliação do meu interlocutor: camiseta da Diesel, correntinha, um Pit Boy puro-sangue, como diria a minha mãe. Poderia explicar que gosto mais dos escritores franceses, Sartre, Japrisot, Deforges, mas me contive, e respondi:
" - Intelectual? Ah, não, eu não. Só sei de um O porque tomo café no copo!"
Ele não se fez de rogado, e continuou:
" - Intelectual sim... gosta de Pablo Neruda, Saramago..."
Respira, Ki, respira. Sorrisinho sarcástico, again. " - O pai de quem, menino?" perguntei, desferindo o golpe de misericórdia. Sorrisinho amarelo, ele ficou por ali, "tapiando", e depois saiu.
Depois de contar às amigas, e receber delas toda a carga de indignação, afinal de contas "era a minha chance de descolar um carinha", e eu, "desperdicei". Putz, se desencalhar significa se agarrar com qualquer um, eu, definitivamente, quero permanecer solteira.
Now listening: The Last of The Famous International Playboys, by Morrissey.
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